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sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Galinha Vermelha


Essa é a história da galinha vermelha que achou alguns grãos de trigo e disse aos vizinhos:

– Se plantarmos trigo, teremos pão para comer. Alguém quer me ajudar a plantá-lo?

– Eu não. Disse a vaca.

– Nem eu. Emendou o pato.

– Eu também não. Falou o porco.

– Eu muito menos. Completou o ganso.

– Então eu mesma planto. Disse a galinha vermelha.

E assim o fez. O trigo cresceu alto e amadureceu em grãos dourados.

– Quem vai me ajudar a colher o trigo? Quis saber a galinha.

– Eu não. Disse o pato.

– Não faz parte de minhas funções. Disse o porco.

– Não depois de tantos anos de serviços. Exclamou a vaca.

– Eu me arriscaria a perder o seguro-desemprego. Disse o ganso.

– Então eu mesma colho. Falou a galinha e colheu o trigo ela mesma.

Finalmente, chegou a hora de preparar o pão.

– Quem vai me ajudar a assar o pão? Indagou a galinha vermelha.

– Só se me pagarem hora extra. Falou a vaca.

– Eu não posso pôr em risco meu auxílio-doença. Emendou o pato.

– Eu fugi da escola e nunca aprendi a fazer pão. Disse o porco.

– Caso só eu ajude, é discriminação. Resmungou o ganso.

– Então eu mesma faço. Exclamou a pequena galinha vermelha.

Ela assou cinco pães e pôs todos em uma cesta para que os vizinhos pudessem ver. De repente, todo mundo queria pão e exigia um pedaço. Mas a galinha simplesmente disse:

– Não, eu vou comer os cinco pães sozinha.

Lucros excessivos! Gritou a vaca.

Sanguessuga capitalista! Exclamou o pato.

Eu exijo direitos iguais! Bradou o ganso.

O porco, esse só grunhiu.

Eles pintaram faixas e cartazes, dizendo “Injustiça”, e marcharam em protesto contra a galinha, gritando obscenidades. Quando um agente do governo chegou, disse à galinhazinha vermelha:

– Você não pode ser assim egoísta...

– Mas eu ganhei esse pão com meu próprio suor. Defendeu-se a galinha.

– Exatamente. - Disse o funcionário do governo - Essa é a beleza da livre empresa. Qualquer um aqui na fazenda pode ganhar o quanto quiser, mas, sob nossas modernas regulamentações governamentais, os trabalhadores mais produtivos têm de dividir o produto de seu trabalho com os que não fazem nada.

E todos viveram felizes para sempre, inclusive a pequena galinha vermelha, que sorriu e cacarejou:

– Eu estou grata, eu estou grata.

Mas os vizinhos sempre perguntavam por que a galinha, desde então, nunca mais fez coisa alguma... nem mesmo um pão.




Esta fábula foi tirada do terceiro capítulo do livro “Professor, você não é um coitadinho! A hora da reação chegou” de Hamilton Werneck. Neste capítulo, o autor interpreta a fábula como a superação da crise por parte da galinha vermelha e a continuidade dela nas demais personagens, que continuam aguardando a ajuda de alguém.

Em nosso município, podemos comparar a galinha com a nossa APLB e alguns professores, que às vezes são chamados de “meia dúzia de gatos pingados” por parte, principalmente, das autoridades municipais; já as demais personagens da história, infelizmente, com a maioria da categoria. Convido a todos para uma releitura e reflexão acerca da história, sempre com uma pergunta: “Em qual das personagens eu me enquadro – galinha vermelha, vaca, pato, porco ou ganso?”

Devemos procurar sair da condição de “coitadinhos” e, para isso, só depende de nós: se não deixarmos de ser vaca, pato, porco e ganso para nos transformarmos em uma categoria de galinhas vermelhas, continuaremos na vida de resmungões, à espera de ajuda alheia, uns verdadeiros “coitadinhos” e correndo o risco de, como na fábula acima, vermos as poucas galinhas vermelhas da classe se  transformarem em galinhas acomodadas com a categoria e, pior, buscando outras áreas de trabalho, pois não valerá a pena lutar por uma classe que não se une, apenas espera pelo pão pronto, sem querer participar das duras etapas iniciais: plantio e colheita do trigo, e da fabricação do pão.

“É melhor tentar e falhar, que preocupar-se e ver a vida passar. É melhor tentar, ainda que em vão que sentar-se, fazendo nada até o final. Eu prefiro na chuva caminhar, que em dias frios em casa me esconder. Prefiro ser feliz embora louco, que em conformidade viver.”
Martin Luther King

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